IMPORTANTE PEÇA DE DEBATE ENTRE A TELEVISÃO E O CINEMA: ESCLARECIMENTOS INICIAIS: O texto abaixo foi distribuído via LISTA CINEMABRASIL, aberta a todos que queiram se inscrever. O tema é ANCINAV - Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual, projeto do Governo para além de regular o Cinema (ANCINE) também regular a Televisão. Paulo Boccato é da diretoria da entidade CBC-Congresso Brasileiro de Cinema, presidente da ABD/SP-Associação Brasileira dos Documentaristas de São Paulo, jornalista e cineasta. Carlos Eduardo Rodrigues é Diretor executivo da GLOBO FILMES, membro Titular do CSC-Conselho superior do Cinema, membro do FAC-Fórum do Audiovisual e Cinema, engenheiro e administrador. O CBC é uma entidade formada por 51 outras ligadas ao Cinema Brasileiro. Foi fundado no ano de 2000, e segue a tradição dos eventos CBC iniciados em 1952, com o I CBC. Em 2000 houve o III CBC, em 2001 o IV CBC e em 2003 o V CBC. GLOBO FILMES é o braço cinema da TV GLOBO responsável pelos sucessos OLGA e CAZUZA, e pelo alavancamento da bilheteria em mais de 20% em 2003, a partir de co-produções com as "Majors" de Hollywood e de Mídia a alguns independentes. O CSC é um órgão do governo, que avalia a transformação de ANCINE em ANCINAV O FAC é uma entidade formada por 17 outras ligadas à TV Brasileira e ao cinema estrangeiro e do SICAV-RJ mais as entidades que estão nos dois lados, CBC e FAC, a saber SICESP e ABEICA. Foi fundado em 22 de Novembro de 2004. SICAV-RJ é o sindicato dos produtores do Rio de Janeiro, SICESP dos de S.Paulo, e ABEICA é a associação das empresas de infraestrutura. --------------- início da reprodução --------------- CINEMABRASIL-Lista debatendo Tecnica,Linguagem, Mercado do Cinema Brasileiro ____________________________________________________________________________ SÓ DVD's E FITAS ORIGINAIS, fornecidas pelos produtores e /ou distribuidores BRAZILIANFILMS.com ! Distribuidora virtual dedicada a espalhar filmes brasileiros pelo Planeta É conveniada com o CINEMABRASIL.org.br , autorizado pelo CTAv(Funarte) Distribui os filmes do CTAV e outros títulos. VISITE O SITE abaixo: NÃO DEIXE DE COMPRAR O LANÇAMENTO EM DVD DO LONGA "RAINHA DIABA" BRAZILIANFILMS.com ^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^ ----- Original Message ----- From: "Marcos Manhães Marins"To: Sent: Saturday, December 25, 2004 4:23 PM Subject: Re: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Eu gostaria aqui de dar meus parabéns ao Paulo Boccato e ao Cadu Rodrigues que enriqueceram o debate principalmente com o exercício do contraditório, que nos aguça a reflexão, e com a troca de informações. No caso do Boccato, as fontes são do próprio CNC, Centro Nacional de Cinematografia francês, onde ele esteve mês passado, segundo me informou em private. Marcos Manhães Marins CINEMABRASIL.org.br Coordenador do site e da lista de debates desde 1995. From: "Carlos Eduardo Rodrigues" Subject: Re: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Date: Wed, 22 Dec 2004 16:22:41 -0200 Message-ID: <63D7CD3BA17EA04A9EDFEF45F83802269294AF@jb-w2k-exc-p02.corp.tvglobo.com.br> Caro Paulo, o debate está bom, e com o nível que esperamos, e assim só pode gerar boas idéias ou pelo menos dar mais informações a todos. Apenas com relação a composição do Conselho, onde estão os representantes do vídeo, das tvs fechadas, da internet , das telefonias, para citar alguns dos setores impactados pelo projeto do MinC ? O fato é que este projeto usou como "embrião" as idéias geradas no CBC, focando cinema e relações com as tvs sob a ótica do que o cinema gostaria de ter segundo as pessoas que participaram daquele documento. Muito longe de acharmos que isto representa o que o setor de audivisual quer, incluindo as tvs abertas e fechadas e as demais mídias que tem relação com o audiovisual. E isto tem que ficar claríssimo pois várias entidades importantes do setor não foram devidamente consultadas para elaboração do projeto do MinC. Por que o MinC não divulgou quem foi consultado, e mesmo que consultado quais eram as posições manifestadas destes consultados. A frase de que não se "faz omelete sem quebrar ovos" tão usada por alguns membros da equipe que elaborou o projeto, e repetida nas reuniões da parte civil do conselho é no mínimo irresponsável e anti-democrática pois não basta só ouvir, mas sim debater e implementar as diversas visões de TODO o setor do audiovisual. Forte abraço, Cadu -----Mensagem original----- De: Paulo Boccato [mailto:pboccato@terra.com.br] Enviada em: quarta-feira, 22 de dezembro de 2004 15:36 Para: Carlos Eduardo Rodrigues Cc: marcos@cinemabrasil.org.br Assunto: Re: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Oi, Cadu e Marcos, Por mim, pode divulgar o debate. Só esclarecendo alguns pontos: 1) quando digo que as TVs estão bem representadas dentro do Conselho, me refiro às pessoas que lá estão, que têm a devida competência para tanto. Quanto ao balanceamento dos setores, não vejo como ser diferente, uma vez que são muitos interesses envolvidos e cada um dos segmentos têm a mesma representação. 2) o sucesso do modelo da Globo Filmes é incontestável e acho que os filmes que são lançados com essa parceria são absolutamente necessários para a saúde do cinema brasileiro. O que é contestável é que esse modelo acaba se impondo como único. E, deixo isso bem claro, não por culpa da Globo Filmes, que está fazendo bem o trabalho a que se propõe, mas por culpa do modelo de "mercado" que temos no país e que queremos mudar. 3) se realmente a Carta Capital não te ouviu para a matéria, Cadu, é bastante grave. Tão grave quanto a matéria sobre o evento da FAC que saiu no Globo na última semana e que se absteve de ouvir um dos lados da questão. 4) concordo plenamente com a frase do Cadu: "Nosso cinema vai ser forte com mais filmes grandes, mais médios e mais pequenos, e não só com o tipo "a" ou "b". Infelizmente, o modelo de mercado que temos hoje não permite essa diversidade. Temos só dois tipos de filme: o blockbuster e o fracasso absoluto. Mais uma razão para que alguma coisa seja feita para mudar. E a mudança não deve ser só em termos de legislação, mas em termos de mentalidade de todo mundo: TVs, distribuidores, produtores, diretores etc. Principalmente, TVs e produtores. 5) seria importante, Cadu, que os pontos que você coloca como "graves problemas e riscos para a democracia deste país, inseridas de forma muito sutil e inteligente no projeto do MinC" sejam explicitados, para que possamos debatê-lo de forma consistente. Porque o que temos visto, tanto do lado "a favor" como do lado "contra" a Ancinav, é um debate estéril, danoso e superficial, baseado somente em frases feitas, palavras de ordem e defesas ideológicas genéricas. Por fim, é com grande tristeza e uma certa dose de desespero que vejo esse distanciamento acontecendo entre uma parcela da produção independente e a TV brasileira, por conta de velhos preconceitos e de posturas baseadas no enfrentamento. Acho que estamos perdendo uma grande oportunidade de, a partir do projeto da Ancinav, conversarmos mais civilizadamente e chegarmos a um grande modelo que seja satisfatório para todos. E quando digo satisfatório, é porque tenho, apesar de tudo, a ilusão que vamos todos aceitar pequenas perdas em cada um dos nossos segmentos em nome do futuro da nossa produção. abs Boccato ----- Original Message ----- From: "Carlos Eduardo Rodrigues" To: "Paulo Boccato" Cc: Sent: Wednesday, December 22, 2004 1:44 PM Subject: RES: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Caro Paulo, vamos por partes : a) Se estou dizendo que nossas propostas não foram consideradas com a devida seriedade, acredite, pois eu estou lá. Dizer que estamos bem representados ? Como, se tem 2 pessoas ligadas às tvs dos 18 conselheiros civis. Para um setor muito maior que o cinema, é estranho este balanceamento , não ? b) A taxação é um equívoco. Vc leu os jornais de ontem onde até o momento o país arrecadou mais de R$ 270 bi. Quanto disto veio para a cultura ? E o aumento do Pis/Cofins para 7,65% que incide sobre a exibição, a distribuição , o repasse dos resultados para os produtores, as prestações de serviço para fazer o filme. Oneraram a cadeia produtiva inteira e ninguém fala nada !!! É fácil taxar o bolso dos outros... c) O modêlo da Globo Filmes já provou ser de sucesso e pode ser seguido por outras tvs, assim como podem ser criados outros modelos de sucesso. Mas não vamos destruir ou criticar o que deu certo. Dizer que o modelo não foi bem sucedido é uma das maiores besteiras que estou ouvindo e lendo (Carta Capital), pois ninguém sabe qual foi nossa estratégia em 2004, qual era a nossa carteira. NUNCA me perguntaram nada, seja esta publicação ou o pessoal do MinC. No início do ano quando estavam discutindo cota de tela a Ancine me pediu uma estimativa dos filmes que iríamos participar. Eu disse , 12 milhões de ingressos e fizemos acima disto. Ou seja atingimos nossas metas dentro da carteira que tínhamos, considerando que entramos propositalmente em filmes de potencial médio para alargar esta faixa de filmes. Além disto, através de apoio de mídia ajudamos mais de 10 filmes que não tiveram nenhuma participação artística na co-produção, com o intuito de também aumantar a faixa média do mercado. O resultado deste apoio não foi bom demonstrando claramente que só a mídia não resolve, e sim da necessidade de se trabalhar mais e entender mais o gosto de nosso público (que sabe muito bem o que quer ver e pagar para assistir). Em 2004 o resultado de bilheteria foi 2 vezes maior que 2002 e 3 vezes maior que 2001, sabendo que em 2003 havia uma carteira fortíssima de filmes populares brasileiros. Parece que fazer sucesso neste país é crime. d) A cerca de 10 anos a grande maioria dos filmes brasileiros lançados faz de 30 a 50 mil pessoas de público. Em 2003 e 2004, tirando os filmes brasileiros de grande bilheteria, a média continua a mesma. Ou seja, vamos aos 100 filmes por ano, excluindo os "danosos" blockbusters brasileiros , para termos um público total de 5 milhões de ingressos em 120 milhòes vendidos, cerca de 4% do total do mercado. O cinema estrangeiro vai adorar. Nosso cinema vai ser forte com mais filmes grandes, mais médios e mais pequenos, e não só com o tipo "a" ou "b". e) Pelo menos a Globo percebeu os desafios da produção de conteúdo nas múltiplas plataformas e tem feito um trabalho crescente e consistente junto aos produtores independentes para a produção de tv. No caso da Globo Filmes, 100% dos nossos projetos já são com produtores independentes. f) Por ultimo, faço um apelo para as ABDs, que avaliem junto a advogados constitucionalistas os graves problemas e riscos para a democracia deste país, inseridas de forma muito sutil e inteligente no projeto do MinC. O "DNA" do projeto é intervencionista e autoritário pela abrangência, poder, e invasão de competências com outros poderes e orgãos reguladores, que contém escrito de forma habilidosa e espalhado ao longo de todo o documento. As reações de diversos setores, e não só das tvs, não seriam tao fortes se o projeto não representasse o risco que representa. Abs., Cadu PS: Caro Marcos, permita-me abusar mais uma vez, mas se for do interesse da lista divulgar este debate e o Paulo estiver de acôrdo, está ok para do meu lado. -----Mensagem original----- De: Paulo Boccato [mailto:pboccato@terra.com.br] Enviada em: terça-feira, 21 de dezembro de 2004 19:18 Para: Carlos Eduardo Rodrigues Cc: marcos@cinebrasil.org.br Assunto: Re: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Oi, Cadu, Acho exagero de sua parte dizer que as propostas do grupo ligado à FAC não estão sendo levadas em consideração, uma vez que vocês estão muito bem representados dentro do Conselho Superior de Cinema. Essa postura Fla-Flu, com desqualificações vindas de ambos os lados, tem muito a ver com a postura da própria FAC, que desqualifica o projeto com base em pontos que nem sequer são verdadeiros, como a questão da liberdade de expressão e do fato que o projeto está sendo empurrado goela abaixo da sociedade, sendo que o mesmo passará pelo Congresso Nacional e está sendo objeto de amplo debate. Acho inclusive que o seminário realizado na semana passada foi um ato de guerrilha absolutamente desnecessário e antipático. Ideal mesmo seria que discutíssemos o projeto com argumentos consistentes, como os que você apresenta aqui, e infelizmente não é isso que está ocorrendo na grande mídia, em parte por culpa da emissora na qual você trabalha. A questão que você coloca sobre o risco de contingenciamento é real e preocupante. Mas ainda acho que a taxação sobre a própria atividade, combinada com a obrigatoriedade mínima de investimento em co-produções é a alternativa mais interessante, a despeito dos riscos (recursos orçamentários também são um risco, pois podem ser reduzidos de um ano para outro, dificultando a continuidade de uma política audiovisual). Não acho que os recursos tenham que vir do orçamento para manutenção de uma indústria de entretenimento (para curtas, ensino do audiovisual, manutenção de acervo, etc., sim). Mas o equilíbro da atividade, enquanto indústria de entretenimento, deve vir da atividade em si. O que não dá é para continuarmos na mesma situação. Veja bem, acho muito importante o que a Globo tem feito pelo cinema brasileiro, mas considero esse modelo insuficiente e que pode se esgotar em pouco tempo (neste ano, por exemplo, já não foi tão bem sucedido nas bilheterias). Considero que um mercado com mais produtoras em condição de competir é melhor inclusive para a Globo, que terá mais condições de diversificar seus parceiros. Cá entre nós, muitos dos produtores ligados à FAC, que se dizem representantes do "cinema industrial", há muito tempo não emplacam um filme de sucesso (muitos deles jamais emplacaram). E nem por isso deixaram de operar com milhões de dinheiro público nos últimos anos. Esse cenário, de meia-dúzia de produtores fazendo filmes caríssimos, não dura muito. As próéprias mudanças tecnológicas, com a questão da telefonia celular, TV digital, Internet banda larga, vai se encarregar de fazer a mudança e o que esse debate da Ancinav deve buscar, pelo menos na nossa visão, é deixar nosso mercado aparelhado para enfrentá-lo. A grande questão é: da maneira como as coisas estão hoje, da maneira como as emissoras de TV estão estruturadas hoje, você acha sinceramente que mesmo a Globo estará preparada, sem a parceria de centenas de produtoras independentes fortes e sólidas, a enfrentar o imenso desafio de produção de conteúdo no volume e na diversidade que será necessário? Será que, mesmo a médio prazo, os seus parceiros atuais darão conta do desafio ou é melhor vocês já estarem preparados para serem parceiros da novíssima geração? De qualquer forma, estamos discutindo propostas e emendas ao projeto Ancinav, dentro da ABD-SP, que serão discutidas também com outros produtores independentes e encaminhadas a vocês no momento oportuno. Grato pelo retorno e vamos continuar conversando. abs Boccato ----- Original Message ----- From: "Carlos Eduardo Rodrigues" To: "Paulo Boccato" Cc: Sent: Tuesday, December 21, 2004 1:21 PM Subject: RES: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Caro Paulo, sou radicalmente contra novas taxações no país, e no próprio setor, tirando de uma atividade que é fornecida gratuitamente para a população para outra paga. Neste princípio por que não tirar do cinema para financiar teatro já que boa parte da mão de obra de elenco é formada nas artes cênicas. Retirar recursos do próprio setor, considerado na falácia governamental como estratégico, mas não refletido nos orçamentos da União, sem garantia de retôrno é um absurdo. Por que não há garantia de retorno; porque um Fundo Público pode ser CONTINGENCIADO, e isto os nobres autores do projeto do MinC não negam. E quem garantirá que isto não ocorrerá, eles ??? Um artigo do Marcelo Rubens Paiva expos este problema de soma zero, ou seja, se voltar para o setor a soma é zero, e se não voltar o setor perdeu R$ 200/300 milhões por ano. Foi criado um grupo de representantes do setor produtivo do audiovisual, envolvendo representantes da exibição de cinema e tv, distribuição de cinema e vídeo, produção de audiovisual como um todo, para propor idéias novas ao MinC, que pudessem substituir a taxação do setor ao mesmo tempo gerando recuros de fomento e incentivo. Este grupo foi desprezado pelo MinC e por pessoas desinformadas, foi chamado de "grupo do Barretão" além de diversos outros adjetivos. Na prática foi a base de formação do FAC, entidade legítima, criada dentro da lei, e diferente de outras entidades que nem legalmente existem. Algumas destas propostas : - Usar parte dos recursos do FUST : encaminhada por mim ao conselho e incorporado ao projeto do MinC; - Usar parte dos recursos do FNC : encaminhada por mim ao conselho e recusada por votação pelos demais conselheiros (vale a pena saber por que, pois eu não entendi..); - Desonerar o setor, revertendo os impostos em cascata que incidem sobre a cadeia de valor do cinema para o fundo de desenvolvimento : encaminhada por mim e rechaçada pelos Srs. Manoel Rangel e Juca Ferreira alegando ser impossível convencer a receita a abrir mão desta "fortuna" (cerca de R$ 100 milhões por ano em um país que dá bilhões de incentivos e renúncias por ano para diversos setores...). Ou seja, é fácil para o legislador criar taxas do que enfrentar brigas por boas causas. - Criar uma loteria do audiovisual nos moldes da Inglaterra ; incluída na contribuição do grupo do setor produtivo na consulta pública, e nem considerado e discutido pelos integrantes da parte civil do conselho. - Investimento do govêrno no Fundo através de dotação orçamentária, pois se o setor é estratégico, os valores alocados ao setor são ridículos; proposta rechaçada pelos Srs. Manoel rangel e Juca Ferreira alegando ser inviável obter mais dinheiro do govêrno para o setor. Ao mesmo tempo o govêrno anunciava propramas de inserção digital através de recursos para compra de microcomputadores, etc. Finalmente, estas e outras idéias constam das propostas encaminhadas diretamente ao MinC e via consulta pública, mas infelizmente sem o tratamento sério e detalhado que deveriam receber. Desde o 1.o momento este grupo que deu base ao FAC acenou com propostas, idéias de incentivo e fomento, mas sem receber a devida consideração. Forte abraço, Cadu -----Mensagem original----- De: Paulo Boccato [mailto:pboccato@terra.com.br] Enviada em: segunda-feira, 20 de dezembro de 2004 15:44 Para: Carlos Eduardo Rodrigues Cc: marcos@cinebrasil.org.br Assunto: Re: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Oi, Cadu, Como eu te disse anteriormente, os incentivos fiscais não vão diretamente para as TVs: elas se beneficiam indiretamente estabelecendo parcerias com os inúmeros filmes financiados pelos fundos do CNC, além de utilizar a porcentagem mínima obrigatória para investimento em co-produção. Os canais sempre tiveram participação artística na escolha dos projetos beneficiados, seja via obrigatoriedade, seja através dos filmes em que eles investem diretamente de seu orçamento - e nunca através de mídia, como é o modelo da Globo Filmes, já que isso é proibido na França. Isso não impede que eles paguem taxas. E mesmo pagando essas taxas, mesmo tendo já um mínimo obrigatório a investir, eles investem mais do que esse mínimo em produção independente. Daí, possivelmente, os tais 70% de que você fala. Gostaria de saber o que você pensa de um modelo tipo: 2% do faturamento publicitário de cada emissora de TV deve ser investido em produção independente e outros 2% são pagos em forma de taxa. Não apenas se você acha bom ou ruim, mas gostaria muito de saber também dos seus motivos. Um forte abraço, Boccato ----- Original Message ----- From: "Carlos Eduardo Rodrigues" To: "Paulo Boccato" Cc: Sent: Monday, December 20, 2004 12:16 PM Subject: RES: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Caro Paulo, cerca de 70% dos incentivos fiscais existentes no setor ,na França, vão para as tvs. E a partir daí, elas tem direitos e deveres. Recentemente, o cinema frances começou a sofrer uma queda significativa na participação total no mercado de salas de cinema, na França, e os canais de tvs passaram a reclamar de determinadas exigências pois estavam perdendo audiência. Do ano passado em diante, os canais passaram a ter maior participação artística na escolha e estruturação dos projetos de produtores independentes, num modêlo parecido com o que tentamos fazer na Globo Filmes e que deu excelente resultado junto ao público, e que certamente dará bons resultados de audiência quando forem exibidos na tv. Ou seja, quando é bom para os 2 lados, a coisa propera e se desenvolve, mas quando é bom só para um lado, é uma administração eterna de divergências e problemas. Forte abraço e obrigado pelo retorno. Cadu -----Mensagem original----- De: Paulo Boccato [mailto:pboccato@terra.com.br] Enviada em: segunda-feira, 20 de dezembro de 2004 10:53 Para: Carlos Eduardo Rodrigues Cc: marcos@cinebrasil.org.br Assunto: Re: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Oi, Cadu, O sistema francês parte do princípio que, para que uma indústria audiovisual funcione de maneira saudável, todos os seus setores devem ser saudáveis. O que significa que aqueles setores mais fortes - emissoras de TV, distribuidores, exibidores - que contam com, digamos, maior lastro financeiro, devem colaborar para manter em atividade setores mais deficientes (no caso, as produtoras, que afinal de contas são o que geram a maior parte do conteúdo audiovisual para esses setores "mais fortes"). Por isso, as taxações, que além disso mantém escolas, cinematecas, acervos, possibilitam publicação de estudos, etc. Outro pilar do sistema é o estímulo à parceria, daí que não existem só taxas, mas também a obrigatoriedade de investimento em produção independente, que gera grade e possibilidade de lucros no mercado. É mais ou menos o sistema que tenho defendido aqui na ABD-SP, acho que seria um modelo para a Ancinav. Nem sonharia em ter os percentuais que os franceses têm, mas acho que o princípio taxas para a composição de um fundo nacional + obrigatoriedade de investimento em produção independente (dentro de limites claros para se evitar a concentração, e com a ressalva de que, nesses casos, a emissora escolhe em que projetos investir) seria bom para todos. Nós temos a especificidade de nosso modelo de rede, mas acredito que isso só ajuda, uma vez que pequenas emissoras poderiam fazer investimentos menores em projetos locais, incentivando ainda mais a diversidade e a regionalização. Não acho mal que o Estado financie co-produções em parceria com a TV, mas acho necessário a contrapartida. As TVs francesas não contam com subsídios ou incentivos, que eu saiba, mas têm direito a acessar os recursos do sistema de financiamento direto, via CNC, através de co-produções em que sejam minoritárias. Existem emissoras públicas e privadas, e todas têm os mesmos direitos e deveres. O Canal + realmente está endividado e deixou de ser a maior fonte de recursos para a produção independente na França. Hoje, despontam principalmente os canais Arte e TPS. Segundo produtores franceses me contaram, o problema com o Canal + foi que eles concentraram grandes investimentos em umas poucas produtoras e alguns projetos (caros) mal-sucedidos afundaram a emissora, que hoje direciona muitos recursos para a programação esportiva. Eles vivem uma espécie de crise de identidade. Forte abraço, Boccato ----- Original Message ----- From: "Carlos Eduardo Rodrigues" To: Cc: Sent: Friday, December 17, 2004 6:29 PM Subject: RES: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II Caro Paulo, vc sabe se as tvs francesas contam com subsídios, incentivos ou mecanismos de renúncia fiscal ? Pois aqui no Brasil não existem estas facilidades para as tvs abertas. Outra dúvida, estas tvs francesas são públicas ou privadas ? Tenho também a informação que o Canal Plus tem uma dívida de 6 bilhões de Euros, mas não se sabe quem pagará esta conta, provavelmente o Estado Frances. Aqui no Brasil quem paga as contas das tvs privadas são seus próprios concessionários, e muitas destas tvs quebraram ou fecharam sem qq ajuda estatal. Forte abraço, Cadu PS: Caro Marcos, acho importante para o debate que as informações sempre sejam o mais abrangentes e completas, portanto, caso o Paulo nos esclareça as dúvidas, vale a pena divulgar no site. -----Mensagem original----- De: owner-cinemabrasil@cinemabrazil.com [mailto:owner-cinemabrasil@cinemabrazil.com]Em nome de Paulo Boccato Enviada em: quinta-feira, 16 de dezembro de 2004 16:37 Para: cinemabrasil@cinemabrasil.org.br Assunto: Re: [CINEBRASIL] A Ancinav e todos nós II CINEMABRASIL-Lista debatendo Tecnica,Linguagem, Mercado do Cinema Brasileiro ___________________________________________________________________________ GLOBO FILMES apresenta: "A DONA DA HISTÓRIA", 35mm. 2004 Aos 55 anos, mulher dialoga com a jovem que foi aos 18 anos. com Marieta Severo, Antônio Fagundes e Débora Falabela dirigido por Daniel Filho, baseado na peça homônima de João Falcão "A DONA DA HISTÓRIA" NOS CINEMAS A PARTIR DE 1 DE OUTUBRO! cliquem: A DONA DA HISTÓRIA ^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^ As emissoras de TV francesas, sejam pública ou privadas, são obrigadas a, no mínimo: 1) pagar uma taxa de 5,5% de seu faturamento bruto ao Centro Nacional de Cinematografia; 2) investir 3,2% de seu faturamento na produção independente de filmes de longa-metragem (à escolha da emissora), sendo 75% como pré-compra e 25% como co-produção; 3) investir 16% de seu faturamento na produção de programas audiovisuais independentes; 4) não exibir filmes de longa-metragem nas quartas à noite, nos sábados à noite e nos domingos à tarde, que são horários em que francês vai ao cinema (a não ser que sejam canais especializados em cinema - como Arte, CineCinema, TPS, Canal +. Mas esses são obrigados a investir 12% de seu faturamento bruto na produção independente de filmes de longa-metragem). abs Boccato ----- Original Message ----- From: "Antonio Paiva Filho" Sent: Thursday, December 16, 2004 3:51 PM > A ANCINAV E TODOS NÓS > (CONTINUAÇÃO) > > > O argumento das tevês brasileiras é que não existe capacidade local de produzir televisão fora dos cinco pólos produtores já existentes. Por essa razão, dizem elas, as empresas nacionais adotam um modelo de negócio abandonado por outros países. A tevê brasileira trabalha com grandes estúdios e modelo de produção centralizada, que implica em alto custo e que pode estar na raiz do déficit anunciado pelas empresas do setor. Hollywood trabalhou até os anos 50 com esse modelo, que se tornou insustentável pelos altos custos. Hoje, tanto o cinema como a tevê de países como França, EUA e Inglaterra trabalham com modelos negociais descentralizados, comprando pacotes de filmes e novelas nas mãos de terceiros. Alimenta-se assim uma economia horizontal e fortalecida. > > A regulação estatal tem um aspecto político e outro econômico e acreditamos que, na sua essência, a proposta da Ancinav corresponde a uma ampliação da democracia. A excessiva concentração da mídia brasileira tem inibido a produção audiovisual diversificada e tem se configurado numa situação quase ditatorial. Hoje, a liberdade de expressão é exercida por poucos, basicamente em função do capital de que dispõem. Não se trata, portanto, de coibir a liberdade das vozes atuais, e sim, de aumentar o número de grupos que têm liberdade para se exprimir. > > Para efetivar essa regulação pública o projeto da Ancinav propõe uma reorganização institucional do setor, criando um órgão ligado à presidência (Conselho Superior de Cinema e Audiovisual), outro ao MINC e dois fundos para investimento em produção. Por meio desses fundos, o projeto prevê a recuperação da capacidade de investimento do Estado, proveniente de taxas sobre a atividade - os grandes lançamentos em cinema, a venda de ingressos e salas de exibição e a publicidade em televisão. No entanto, o projeto não prevê a atuação do Estado como agente direto do setor. O dinheiro arrecadado por meio das taxas será recolocado na própria atividade. O projeto não cria, por exemplo, uma distribuidora estatal, prefere apoiar distribuidoras privadas. Não tem sentido, portanto, a crítica de uma suposta "estatização". > > Alguns tópicos do projeto orientam que o investimento do Estado pretende superar a lógica atual do investimento a fundo perdido, que cria uma economia perversa, pois elimina o risco do produtor e não premia o sucesso. No Brasil de hoje é impossível que o produtor tire lucro de um filme, o que o leva a procurar sua remuneração diretamente na produção (quando devia ganhar na distribuição, obviamente). O projeto da Ancinav tem a consciência de que o Estado, em vez de investir a fundo perdido em poucos filmes de alguns eleitos, deveria investir na criação de reais estruturas de mercado para que todos possam realizar suas obras. Isso passa obviamente por uma transição entre o modelo atual de leis de incentivo para um novo. > > Para tanto, o projeto, mesmo mantendo as atuais leis de incentivo, cria mecanismos como os Funcines e o Prêmio Adicional de Renda. O primeiro para incentivar cartelas de produção e distribuição que possam começar a avaliar o sucesso das empresas produtoras; o segundo, para dar um adicional de bilheteria aos filmes, criando um horizonte de auto-sustentabilidade para o setor e incentivando o produtor a tentar realizar um filme rentável. Esses dois tópicos sinalizam que o investimento da Ancinav será na criação de "estruturas" de mercado que democratizem a realização audiovisual e premiem o sucesso. O projeto da Agência aposta que o alargamento do leque de produtores é importante para a economia do setor. Parte-se da idéia que não existe "o mercado" audiovisual, existem mercados. Não é apenas o "cinemão" - ou a TV de massas - que é comercial (aliás, muitas vezes o cinemão e esta TV não são!), também os pequenos produtores podem ser lucrativos, criando, por exemplo, web-TVs para o > mercado de banda larga ou fazendo distribuição por mídias diferenciadas. Novos modelos de negócios baseados na venda direta para o cliente irão crescer no mundo digital, em detrimento da lógica do anunciante. Esses vários pequenos mercados somados podem ser tão importantes economicamente quanto os atuais grandes grupos. Dessas pequenas empresas inovadoras poderão surgir os melhores e mais rentáveis conteúdos, contribuindo para a renovação de todo o setor. > > Nos próximos anos se acirrará nas redes mundiais de comunicação uma batalha entre conteúdos "mundializados", produzidos a partir de grandes concentrações de capital, e estratégias de distribuição em massa de conteúdos produzidos atomizadamente. A arma dessas redes de pequenos produtores é a inovação, bem mais dinâmica que a inércia das grandes corporações. Por isso, democratizar a produção audiovisual e disputar fatias do mercado internacional digitalizado em expansão são duas faces da mesma moeda. A legislação brasileira para o assunto é ainda mínima e defasada. As poucas menções aos serviços de conteúdo datam de 1962 (Código Brasileiro de Telecomunicações) e 1967 (Decreto Lei de Castello Branco) e da Lei do Cabo, de 1995. Toda essa legislação apenas versa sobre a instalação de redes e plataformas de telecomunicações. Nada sobre o serviço de produção e distribuição, o modelo de negócio específico, que transcende em muito a dimensão "engenharia", para adentrar na seara audiovisual, > cultural, e que adquire cada vez maior centralidade. > > A capacidade dos países reverem suas legislações com o dinamismo que a tecnologia do setor exige, é, de certa forma, um pré-requisito para o desenvolvimento do setor. Em vários segmentos da economia, a regulação é um pré-requisito para o investimento. Sem leis claras, o capital menos aventureiro tem medo de investir. > > Estamos num ponto de inflexão. Há grandes tendências concentracionistas e há também grandes possibilidades de democratização da produção, que significa democratização cultural e econômica. A digitalização e a convergência universal de mídias marca um ponto de inflexão, ao qual cada economia audiovisual nacional tem que responder. Grandes forças de oligopolização mundial convivem com grandes possibilidades de democratização cultural e econômica. > > Nesta luta pela afirmação de um país produtor de conteúdo audiovisual, todas as empresas do mercado terão um papel fundamental. A Globo, por exemplo, muito provavelmente terá que se reestruturar enquanto empresa, pois dificilmente permanecerá com 75% da receita publicitária. No entanto, mesmo as grandes empresas nacionais, que hoje questionam aspectos do projeto, deverão se beneficiar com o amadurecimento da produção brasileira e sua inserção soberana no mercado internacional. Nessa reconfiguração caberá à agência reguladora a tarefa de promover um pacto nacional entre grandes e pequenos produtores e entre todos os setores da cadeia produtiva, que passará pelo enfrentamento de grandes corporações internacionais, com vistas à inserção autônoma do nosso país nesse novo mundo digitalizado. Esse é o contexto maior da criação da Ancinav, que deverá ser uma instituição relevante e representativa, com formas claras de participação de todos os setores da cadeia de valor e da sociedade civil, > a maior interessada. Uma instituição verdadeiramente equipada, dotada de informações, com um corpo administrativo eficiente capaz de fazer valer o interesse público nessa complexa equação. > > > > > Enviada por: "Paulo Boccato" Enviada por: Marcos Manhães Marins ENCONTRE OS PROFISSIONAIS: http://cinemabrasil.org.br/cadastro/ [a lista cinemabrasil tem 1802 assinantes neste momento] As listas cinemabrasil, cinema e roteiristas têm: 2683 assinaturas Estique seus pes, relaxe, e assista trailers e entrevistas "em tempo real" . TV-Net CinemaBrasil - http://cinemabrasil.org.br/tv-netbr.html ___________________________________________________________________________ . Para sair da lista envie mensagem To: Majordomo@cinemabrasil.org.br . .com 1 unica linha no texto da mensagem: UNSubscribe ciNEMABRASIL seuEmail. .Projeto Cultural CINEMA BRASIL NA INTERNET http://www.cinemabrasil.org.br. . Coordenador: . . MarcosManhaesMarins@cinemabrasil.org.br . ^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^ --------------- fim da reprodução --------------- PARA ENTRAR NA LISTA, aberta a qualquer pessoa, faça sua contribuição AQUI !
visitas: |
|